domingo, 16 de maio de 2010

Intervenção no Arrudas (FINAL)

domingo, 16 de maio de 2010
Com certeza seus avós já te contaram sobre uma época num passado não muito distante, quando lavadeiras perdiam horas na beira do Arrudas cantando e esfregando suas roupas, em meio a pescadores trabalhando, crianças se divertindo... 

A funcionalidade do ribeirão era clara, ele fazia parte da vida daquelas pessoas ali.


Mas e hoje? Como resgatar essa relação, de certa forma, afetiva?

A proposta é mostrar que a forma de uso e ocupação de um rio depende sempre das necessidades da geração que o acompanha, e, seguindo essa linha de raciocínio, concluímos que o Ribeirão Arrudas poderia contribuir muito para melhoria na qualidade de vida da população.

A princípio pode ate parecer funcionalista demais: tornar o ribeirão Arrudas navegável, uma alternativa para o trânsito urbano belorizontino em crise. Mas o projeto Aquabus é muito mais que isto. A proposta não consiste em apenas mais uma medida paliativa para uma problemática urbana, nem tem a pretensão de ser chamada de solução.



A idéia é trazer o Arrudas de volta para vida da população de Belo Horizonte. A partir do momento que o individuo enxergar no ribeirão, não só um canal de concreto, mas sim seu caminho para o trabalho, seu caminho para casa, se torna claro o ganho de um significado outrora ausente. E mais uma vez o clichê da preservação do patrimônio público vem à tona: “você cuida daquilo que você precisa/usa/gosta”. Daí o ambicioso projeto mostra-se muito mais sutil que aparenta. Poderemos dizer que o projeto alcançará o sucesso, quando a proposta se auto-alimentar.



Há um trabalho psicológico envolvido que serve de combustível para a sustentação do projeto. A satisfação máxima de nós idealizadores será um dia ouvir: "Estou esperando MEU bote"; "Esta é MINHA estação", pois será o dia em que a plena apropriação por parte da população terá ocorrido de fato e os problemas de conservação e de cunho ambiental estarão sendo vistos com outros olhos.



Um exemplo simples: o estado deplorável de poluição em que se encontra o rio atualmente é fruto de sua renegação por parte da população. Situação que será transformada cotidianamente, pois a partir de então o rio fará parte do dia-a-dia de cada individuo que com certeza vai desejar deslocamentos agradáveis, confortáveis e não um percurso regado a mau cheiro e tons de cinza. Neste caso, as chances de um ocorrer apoio maciço popular a alguma iniciativa governamental – por exemplo, no sentido de recuperar a qualidade da água do ribeirão – serão bem maiores a partir do momento que o Arrudas faz parte da população de Belo Horizonte.

Isso sem falar na possibilidade de retomar as grandes avenidas que margeiam o ribeirão como espaços de convivência e não somente como vias de tráfego, afinal este tráfego estará ocorrendo otimizado dentro do rio, liberando suas margens para atividades físicas e/ou de lazer, intervenções urbanas, exposições de arte e um leque de atividades a escolha da população naquele “novo” espaço.


Em termos simples o projeto consiste no tradicional “Uma coisa leva a outra”. É atrair o belorizontino para dentro do rio novamente, não permitir que o ribeirão continue sendo ignorado, mas que este conquiste a atenção da população outra vez, e assim esta população não se sentirá obrigada a, mas espontaneamente desejará zelar pelo Arrudas.

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