domingo, 21 de março de 2010

Garimpo: Belo Horizonte através de especiais ângulos e novos olhos

domingo, 21 de março de 2010

Garimpar, no pleno sentido da palavra, transmite a idéia de procurar o escondido, e o resultado não raro é surpreendente. Não foi diferente comigo, por sugestão do professor resolvi visitar um lugar que eu não conhecesse.

A princípio foi difícil escolher um lugar em Belo Horizonte em que eu nunca tivesse estado, afinal moro aqui desde que nasci. Mas ao fim da escolha me deparei com uma região cheia história debaixo do meu nariz - o Barreiro.

Só pra ter uma noção: é a segunda regional mais urbanizada do município, só perdendo para o Centro, aliás a cidade de Belo Horizonte só foi ser de fato fundada em 1897, ao passo que a Fazenda Barreiro, que deu origem  à regional, já existia desde 1855, somando mais de 150 anos de história, assim obviamente mais antiga que a própria BH. Hoje com cerca de 300 mil habitantes e com o nível de urbanização alcançado, em caso de emancipação o Barreiro seria elevado à posição de 8ª maior cidade do estado de Minas Gerais.

Seu histórico de urbanização, não há como negar, foi fortemente influenciado pela instalação da indústria multi-nacional Mannesmann (atual V&M do Brasil). No entanto, ao contrário do que se imagina, a infra-estrutura da região é bastante organizada e dialoga com a geografia local, que consiste numa depressão geomorfológica em relação à Serra do Curral que se estende até a região de Venda Nova na porção norte da cidade. As altitudes variam de 851 a 1151 metros e influenciam claramente a disposição dos setores urbanos. O centro comercial ocupa a área de altitudes mais brandas, e à medida que se "sobe a em direção à serra", o uso dos terrenos passam a ter caráter residencial até atingir as porções mais elevadas onde se encontram parques, como por exemplo o Parque do Rola Moça, bastante frequentado por variadas modalidades de esportistas.

Como destaques arquitetônicos me chamaram atenção: as instalações da Puc Minas, o shopping da região, e o Cristo Redentor.

Inaugurada em 2002 a Puc Barreiro caracteriza uma importante intervenção heterotópica naquele cenário. Trouxe consigo duas praças públicas, sendo uma equipada com estruturas para lazer, como arquibancada, pista de skate e uma pista que margeia a universidade frequentemente usada para caminhadas pelos populares. Visando neutralizar o impacto sobre o trânsito nas vias do entorno, a via lateral foi alargada e pavimentada. Portanto não sobram dúvidas a respeito de sua influência urbana sobre aquele espaço.


A arquitetura dos prédios que compõem o complexo univesitário, remontam a modernidade com influências claramente cubistas, tanto que quase instataneamente cheguei a os associar à Rainha da Sucata na praça da Liberdade, possivelmente por déficit de bagagem a ser sanado ao longo do curso, mas foi o que me veio à mente logo no primeiro contato.


Vale a pena conferir também, no centro comercial da região, o Via Shopping Barreiro. Chegando pela avenida Afonso Vaz de Melo, o que mais chama a atenção, é como o prédio do shopping está interessantissimamente integrado com um supermercado externo, no quarteirão do outro lado da avenida por meio de uma passarela que páira sobre a via. Como se não bastasse o shopping está internamente integrado com uma estação de ônibus. Ou seja, um prédio inteligente, funcionalista, que mesmo imerso num cenário tradicionalmente isotópico - um centro comercial - que costuma, repetir sempre as mesmas instalações e tipologias, o shopping rouba a cena  com sua arquitetura em linhas retas (sou apaixonado por arquitetura em linhas retas), que reforçam a idéia de uma construção predominantemente orientada na horizontal apesar de sua considerável altura.


Pra quem se interessar em conhecer pessoalmente, o tour pela região pode ter seu fim num maravilhoso mirante da capital, sob os braços de ninguém mais, ninguém menos, que o Cristo Redentor, sim, é verdade o Cristo Redentor.


Projetado pelo italiano Caetano Pirri, o Cristo Redentor do Barreiro tem 11,8 metros de altura, apoiado sobre uma base de 4 metros quadrados e 2 metros de altura. Está no bairro Milionários desde 1956 e expressa a utopia do sagrado presente na cidade, viva no imaginário da população belorizontina tradicionalmente católica.

Com certeza se explorarmos mais a região, haverão mais surpresas, mas esta postagem termina por aqui e fica o incentivo pra quem quiser conferir pessoalmente e me contar depois.
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REFERÊNCIAS:

http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/
http://www.pucminas.br/destaques/
http://www.viashoppingbarreiro.com.br/

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